terça-feira, 1 de setembro de 2009

Oxigênio


Quando eu tava no colegial peguei pra ler pela primeira vez Macunaíma. Na verdade eu desisti na terceira página. Muitas palavras de origem indígena e nenhuma nota de rodapé. Não conseguia entender nada. Pois agora, na faculdade, entramos no Modernismo e meu professor sugeriu a leitura desse livro. "Mas é muito chato!", falei, "Não é não, é legal!", ele respondeu.
Hoje em dia, só abandono a leitura de um livro se ele for muito, muito maçante. Se ele for só chato, me esforço pra ir até o final. Questão de honra! Rss. Então que eu comecei a ler o livro que Mário de Andrade escreveu em vinte e poucos dias deitado preguiçosamente numa rede. A maioria das palavras de origem indígena eu ainda não conheço, mas o autor nos dá uma noção geral do que ele está falando. Podemos não conhecer cada palavra, mas não perdemos a ideia.
O livro é repleto de referências, de superstições, de lendas, da cultura de todos os cantos do nosso país. E me espantei ao descobrir que o livro é engraçado. Missão cumprida. Quase 10 anos depois.
Eu acho que alunos de colegial não estão preparados pra ler os livros que querem que eles leiam. E dificilmente um professor sugere que o aluno leia um livro voltado pra adolescente, pra despertar o hábito da leitura. Ninguém fez isso comigo. Por sorte, tínhamos alguns livros em casa, e minha irmã sempre pegava algum na biblioteca. Desde cedo eu aprendi que ler é gostoso, mas esses livros que nos pediam pra ler na escola (Macunaíma, Dom Casmurro, Senhora, Triste Fim de Policarpo Quaresma...) estavam muito longe de ser prazerosos, então sempre fugi deles. Minha professora achava que eu não gostava de ler. Lembro que no colegial eu li O Mundo de Sofia e minha professora não entendia como eu conseguia ler um livro de 500 páginas sendo que não li o Dom Casmurro, que era tão fininho. Acontece que a linguagem do Mundo de Sofia é pra adolescentes; ele falava de filosofia de um jeito que eu entendia. Eu não tava nem aí pros olhos de ressaca da Capitu.
Livro cansativo de ler, que tem que prestar atenção a cada parágrafo pra não perder a ideia, que tem que ter dicionário do lado, que tem que reler a página inteira se fizer mais de um dia que não lê, ah, eu dispenso. Eu gosto de livros bem escritos, de leitura ágil, fácil, de histórias envolventes. Mesmo que sejam historinhas água-com-açúcar, tipo os livros da Rosamunde Pilcher (Os Catadores de Conchas). Adoro! Livro tipo novela das oito, como os livros do Sidney Sheldon (Se Houver Amanhã). Adoro! Aventura, romance e História na medida certa, como os livros do Bernard Cornwell (As Crônicas de Artur). Adoro!
Se eu precisar ler algum livro meio chato pra faculdade, eu até leio, mas ler, pra mim, não é só passatempo, é um hábito que me dá prazer. Eu preciso ter um livro por perto. E uma professora minha resumiu isso numa frase que eu adorei: Um bom livro é como oxigênio!

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