quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Aniversário

No meu aniversário de 7 anos, fomos comer bolo na chácara da minha vó. Depois dos parabéns, a criançada se dispersou e foi brincar. Eu queria brincar só com minha prima que tinha a mesma idade que eu, mas a irmã dela, dois anos mais nova, era muito chata e resolvemos fugir. Demos a volta na casa, passando pela casa do caseiro, contornando o pomar, passando pelo mato até chegar no jardim de baixo.
Eu corria na frente, e de repente senti uma dorzinha igual de pancada no joelho. Mas eu não tinha nenhuma pancada. Olhei pra trás e minha prima fez cara de espanto. Olhei pra baixo e gritei.
Meu joelho sangrava, e o sangue escorria pela minha perna até a minha sandalinha branca. Gritei de novo. Minha mãe veio, tirou alguma coisa no meu joelho, me pegou no colo e fomos pro hospital. Deitada no consultório, depois da anestesia, levantei a cabeça, mas minha mãe não me deixou ver direito. Só vi alguma coisa muito rosa. Levei três pontos e fiquei uma semana de repouso. Essa semana de cama pareceu um mês.
Depois que saímos do hospital, minha mãe voltou na chácara da minha vó pra avisar que eu tava bem, e resolveu voltar no jardim pra ver o que ela tinha tirado do meu joelho. Era uma estaca de madeira, de 10 centímetros de comprimento por dois centímetros na base. Oito centímetros entraram no meu joelho de baixo pra cima. Como? Nem sei. Não caí, não tropecei.
Minha mãe levou a estaca pra casa pra gente ver, e está guardada até hoje. Quando eu conto essa história, tem gente que não acredita. Tenho duas provas: a cicatriz e a estaca ensanguentada.

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